Por que Esquerda?

Por que falamos em Esquerda, na umbanda? Qual a relação entre isso e as posições relativas com que o cérebro compreende as posições espaciais no mundo? A resposta é simples: TUDO.
Para falar disso, devo relembrar uma situação interessante que presenciei alguns dias atrás com uma aluna, que tem uma priminha, com uns 7 anos. Estava conversando com a Mariana e a priminha dela se aproximou perguntando:  "Qual é minha mão direita?", e a mariana, desavisada, "Ora, Samantha, é a mão com que você escreve". Foi o pior erro que ela podia ter cometido: "Mas, Mari, a professora disse que eu escrevo com a esquerda, mas todo mundo diz que a mão direita é a mão com que a gente escreve, então, como eu posso ter direita e esquerda na mesma mão?".

A história pode ser um pouco simplória, mas é o perfeito exemplo do que é a esquerda na umbanda; algo que as pessoas criam milhares de explicações comparativas- Isto é, explica-se algo com base em outra, -mas nunca conseguem explicar conceitualmente ou por definição.

A associação do termo direita e esquerda à Umbanda, assim, pode ser interpretada de três formas: a humana, vinculada ao uso da direita e da esquerda, e as implicações religiosas disso; a história e a política.

No âmbito religioso, contudo, havia outros tipos de implicações: se, durante uma missa católica, uma pessoa fizesse o sinal da cruz com a mão esquerda e não com a direita, ela era uma bruxa e estava saudando o demônio, e não a Deus. Se um padre abençoava o pão e vinho com a mão esquerda, aquela era uma missa negra e aquele sacerdote tinha vendido sua alma ao demônio. Se, ao confessar ser uma bruxa, uma mulher   

Utilizasse a mão esquerda, ela tinha mentindo para se salvar e estava ainda com o demônio em seu corpo- Era praticamente aceitar uma sentença de morte.

Esse tipo de mitologia se propagou. No catolicismo popular, por exemplo, isso deu origem a casos peculiares. Um deles, diretamente relacionado a isso, relata que, em certas partes do Brasil, um dos nomes do Diabo católico seja "O Canhoto", rementendo a sua natureza "de esquerda".

Embora essa explicação pareça a muitos  a mais plausível, há também alguns fatos históricos que remetem ao uso do nome "esquerda" para as Entidades como Exu, Pombagira,Malandros e outros.

Quando falamos em política, a esquerda é aquela que defende mudanças radicais para criar uma sociedade mais igualitária é algo mais complexo: para a Esquerda, o Estado (como representação coletiva) deve ser forte, deve haver igualdade de renda (por meio da intervenção do Estado na economia, se necessário) e a vontade do povo deve estar acima da Lei. Já para a Direita, a economia deve seguir de acordo com as necessidades de mercado (liberalismo econômico, baseado nas leis de oferta e da procura), o Estado existe para orientar e não para decidir, assim, cada indivíduo é responsável por si e a Lei sempre está acima da vontade do povo.

As consequências religiosas disso são diversas: a Esquerda é vista como mais controladora, intervencionista, capaz de fazer coisas extremas e de julgamentos muito mais radicais. Para a Esquerda, então, haveria causa e consequência: se você faz algo, deve pagar por isso, enquanto a Direita, aparentemente, é mais consoladora. São muitas as implicações e as similaridades com os alinhamentos políticos.

Para entender melhor como na política esse termo foi cunhado, basta saber que

Ele surgiu durante a Revolução Francesa, em referência à disposição dos assentos no parlamento; o grupo que ocupava os assentos da esquerda apoiavam as mudanças radicais da Revolução, incluindo a criação de uma república e a secularização do Estado, isto é, o distanciamento da Igreja, mantendo o estado laico e a religião livre.

Mais tarde, surgiu um conceito distinto de esquerda política, no movimento que ficou conhecido como a Revolta dos Dias de Junho, em 1848, quando falar de esquerda passou a definir vários movimentos revolucionários na Europa, especialmente socialistas, anarquistas e

Comunistas. Em todos os casos, a esquerda sempre é a parte mais controversa, polêmica e complexa da questão, geralmente é associada a mudanças, quebra de paradigmas, de conceitos e de dogmas, entre outras coisas. Na Umbanda, isso não é muito diferente.

Comentários

Postagens mais visitadas