Outras entidades
Em todos os livros que já escrevi, procuro caracterizar por entidade todo e qualquer
ser do plano astral ou espiritual que não seja de origem divina. Nesta obra não foi
diferente, mas este é o capítulo em que falamos de entidades em que não,
necessariamente, há concordância de serem chamadas assim, nem tão pouco sabe-se se
podem ser caracterizadas como parte da Esquerda.
Para falar dessas entidades, é necessário relembrar um pouco a gênese da Umbanda.
Sabemos que a Umbanda, embora possuidora de um padrão ritualístico próprio e
distanciado de qualquer outro, formou-se por causa da junção de pelo menos quatro
religiões: os diferentes cultos africanos trazidos pelos escravos negros provenientes
d’África; o Catolicismo, base religiosa de todo o processo de colonização brasileiro;
as religiões de diferentes povos indígenas do próprio território e, mais recentemente,
ao instituir-se, no século XX, o Espiritismo de Allan Kardec, principalmente.
Dessa junção é que vem, primordialmente, as maneiras pelas quais podemos encarar
as criaturas que atuam de maneira nociva na vida dos seres humanos e que,
erroneamente são postulados como parte da “Esquerda”:1
Se olharmos pela dicotomia entre bem e mal do Catolicismo, podemos pressupor
que existem Demônios em contraposição a Orixás – e não em contraposição aos
Deus Criador, uma vez que ele é o princípio e o fim, o bem e o mal, portanto, ele
cria a vida e as energias se alinham conforme necessário e pré-determinado.
Se olharmos pelo âmbito do Espiritismo, teremos kiumbas, espíritos zombeteiros
e trevosos que se contrapõe às energias do bem e do equilíbrio, assumindo-se
como personagens contraditórios à ordem, buscando o caos e a destruição.
Já pelo lado dos cultos indígenas, eles enxergam a personificação, não do mal ou
das trevas, mas do Caos, que é a contraposição à ordem do Deus Tupã; assim, ela
é personificada em figuras como Anhangá, uma divindade caótica que pode tomar
o corpo dos homens e assumir o que bem entender a partir disso.
Já no que concerne às religiões africanas, não existe uma entidade que consiga
causar o mal, pois tudo tem uma face positiva e uma negativa. Não existe algo
como a personificação do mal ou a personificação do bem, pois a evolução só se
realiza pelo equilíbrio.
Falaremos melhor sobre cada uma dessas possibilidades a seguir.
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