CIGANOS DA ESQUERDA

Ciganos d a Esquerda
 Na Umbanda, existe uma linha própria ao povo cigano, cujos detalhes podem ser 
obtidos no livro Tudo que você precisa saber sobre Umbanda, Volume III , desta
mesma editora. Mas existem Ciganos de natureza mais arredia e mundana, que vêm na
Esquerda e, por vezes, apresentam-se como Exus ou Pombagiras.
Já com os Ciganos, existe certa confusão entre sua ética e sua moral e aquela que é
reconhecida pela nossa sociedade nos dias de hoje. Com os Ciganos que atuam na
Esquerda, isso não é diferente. Esses Ciganos são regidos prioritariamente pelos
elementos naturais (terra, água, ar e fogo) e, justamente por isso, apresentam-se na hora
de usar a magia, a clarividência e outros artifícios que exigem a manipulação das forças
da natureza.
Embora todos se apresentem como ciganos, é interessante perceber que em algum
 ponto, no plano espiritual, cada um deles está ligado a um determinado elemento
natural, que, em geral, rege sua atuação no plano físico:
Ciganos do Ar – trabalham com o equilíbrio, as emoções e as necessidades
espirituais de cada indivíduo.
Ciganos da Terra – são ciganos mais ligados ao comércio, que ajudam a resolver 
 problemas de trabalho, problemas com justiça ou mesmo com a família.
Ciganos do Fogo – estes regem assuntos que estão relacionados a conflitos,
 paixões, desejos.
Ciganos das Águas – por último, estes regem o amor, a fertilidade, os sentimentos
e as benesses do espírito.
Tal qual os Ciganos que se manifestam na sua própria Linha ou na Linha do Oriente,
os Ciganos que se manifestam na Esquerda são, em geral, das seguintes etnias, as quais
consideramos grandes famílias ou clãs ciganos na Umbanda:
Ciganos Árabes – do Norte da África, do Egito e do Oriente Médio.
Ciganos Ibéricos – em especial provenientes da Espanha e de Portugal.
Família Real Cigana – vinda do Extremo Oriente, das Índias, extremamente raros.
Ciganos do Leste Europeu – com vínculos na Romênia e em outros países.
Ciganos Latinos – típicos dos povos que aqui se fixaram com a colonização, são
ciganos com uma evolução espiritual menor, porém, mais próximos da realidade
 brasileira e nem sempre tão presos à moral e às tradições ciganas, têm forte
vínculo com os Exus e Pombagiras Ciganas, isso quando não estão no mesmo nível
de evolução.
Ciganos Expurgos – ciganos não reconhecidos ciganos ou que foram tardiamente
adotados por famílias ciganas, tendo se casado ou, ainda, abdicado de sua condição enquanto cigano, e rejeitando suas tradições.
A moral dos espíritos Ciganos é muito mais dada à praticidade do que a mitos,
lendas, crendices ou hipocrisia. Um exemplo é que muitas vezes eles aconselham
exatamente como fariam como se estivessem vivos, então, quando uma pessoa pergunta
a um Cigano sobre casamento, ela deve entender que o conselho dado tenderá a induzir 
a escolha ao do próprio grupo ou subgrupo étnico da pessoa, assim conservam-se as
tradições, e com notáveis vantagens econômicas. Para a cultura deles, é possível a um
rom casar-se com uma gadjí, isto é, uma mulher não rom, a qual deverá, porém,
submeter-se a regras e a tradições rom, e eles acabam transportando isso para os
demais aspectos da vida.
Aos filhos de entidades ciganas é dada uma grande liberdade, pois eles entendem que
a liberdade é consequência da responsabilidade: a pessoa só consegue mantê-la se for 
responsável por seus atos, mesmo porque a base de suas crenças é a liberdade.
Seus símbolos são usualmente, unidos, o sol, a lua e as estrelas, numa bandeira
multicor – isso na Umbanda. Há outros símbolos, mas estes representam aquilo que o
Cigano tem de valioso.
O Cigano da Esquerda é mais individualista e não suporta a ideia de autoridade, rei
ou governante – uma forma de anarquia e contestação da autoridade própria desses
 povos. Nem por isso eles deixam de respeitar e acatar os mais velhos – não porque eles
sejam uma autoridade, mas porque têm poder para contar o que a vida lhes deu em
termos de conhecimento e experiência. É sempre aos mais velhos que se recorre para
dirimir eventuais divergências. Eles são ouvidos, mas nunca decidem sozinhos: cada
decisão compete somente ao indivíduo que deve tomá-las. Esta é a responsabilidade do
Cigano, seja ele de Esquerda ou de Direita.
Santa Sarah (de) Kali é sua santa protetora – ela carrega em seu próprio nome
menção à deusa da morte e da destruição hindu, mas traz o manto branco da paz e se
cobre com o pano do mais puro azul celeste, tudo porque a morte, a destruição são
sempre preâmbulos do recomeço, da reconstrução de tudo quanto deve ser renovado.

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