Capítulo 3 (Malandros e Outras Entidades da Esquerda)

Este capítulo é um complemento a tudo que já foi falado aqui. Nem todas as entidades da esquerda são Exus e Pombagiras.
Na Esquerda também agem os Malandros, os Exus e as Pombagiras Mirins, os Encantados e Mestres da Jurema e do Catimbó, entre outros. Em algumas casas, especialmente fora de São Paulo- onde já existem linhas próprias para entidades regionais, como as Linhas dos Baianos, Mineiros e Gaúchos- essas outras entidades podem vir nas Giras de Esquerda, ou mesmo das de Exu e Pombagira, dependendo do caso.

Malandros

Os Malandros podem ser considerados entidades regionais, já que grande parte de suas manifestações se dá no Rio de Janeiro. Malandros são entidades de Umbanda cultuadas nesse Estado e cujo maior representante é Zé Pelintra.
Em geral, os Malandros, quando lhes é dada essa possibilidade, vestem-se de branco, com sapato e chapéu combinando, adornados com detalhes em vermelho e raramente em preto. Existem algumas exceções a essa regra, como é o caso do Malandro Zé Pretinho, que veste terno preto e bengala, e, por isso, muitos confundem com Exu. Há também muitos Malandros que encarnam a figura do sambista, com camisa listrada e chapéu panamá de palha.
Existem também as Mulatas, figuras femininas dos Malandros, e as "Marias", entidades de nome mais popular, muitas delas com histórias divulgadas além da Umbanda e dos Ritos de Encantaria, como Rosa Palmeirão, citada em alguns livros de Jorge Amado, que hoje são entidades da Linha dos Malandros.
Outras entidades que hoje também são tidas como Malandros são provenientes da Jurema e do Catimbó, onde são Mestres e Encantados.
Sobre essas entidades, que atendem na Esquerda e são provenientes dessas origens, existem essas Cantigas:

Saravá, Seu Zé!
Seu Zé, ele é mestre de Aruanda
Saravá sua quimbanda
Vem chegando devagar
Seu Zé, ele é mestre de Aruanda
Saravá sua quimbanda
Vem chegando devagar
Quando ele chega
Chega sempre sorridente
Com o cigarro entre os dentes
De branco pra amenizar
O desamor que existe nessa terra
Sabe nos livrar da guerra
E sem mais quer nos levar
Não há demanda que possa lhe derrubar
Ele é cabeça-feita
Tem um nome a zelar
Mas desaforo não aceita
Nunca se deixa levar
Ele sempre ajuda quem nele tem fé
Diz aí: Saravá, Seu Zé!
É na palma da mão e cantando com fé
Diz aí:  Saravá, Seu Zé!
Saravá, Seu Zé!
Saravá, Seu Zé!
Saravá, Seu Zé!

Saravá, Seu Zé!
Seu Zé, ele é mestre de Aruanda
Saravá sua quimbanda
Vem chegando devagar
Seu Zé, ele é mestre de Aruanda
Saravá sua quimbanda
Vem chegando devagar
Quando ele chega
Chega sempre sorridente
Com o cigarro entre os dentes
De branco pra amenizar
O desamor que existe nessa terra
Sabe nos livrar da guerra
E sem mais quer nos levar
Não há demanda que possa lhe derrubar
Ele é cabeça-feita
Tem um nome a zelar
Mas desaforo não aceita
Nunca se deixa levar
Ele sempre ajuda quem nele tem fé
Diz aí: Saravá, Seu Zé!
É na palma da mão e cantando com fé
Diz aí: Saravá , Seu Zé !
Saravá, Seu Zé!
Saravá, Seu Zé!
Saravá, Seu Zé!
Ele sempre ajuda quem nele tem fé.

***

Saravá, Seu Zé!!!
De manhã, quando eu vou descendo o morro
A "nêga" pensa que eu vou trabalhar
De manhã, quando eu vou descendo o morro
A "nêga" pensa que eu vou trabalhar
Eu boto o cachecol no pescoço
Boto o baralho no bolso
E vou pra Barão de Mauá
Eu boto o cachecol no pescoço
Boto o baralho no bolso
E vou pra Barão de Mauá
Trabalhar, trabalhar...
Trabalhar pra quê?
Se eu trabalhar eu vou morrer
Trabalhar, trabalhar...
Trabalhar pra quê?
Se eu trabalhar eu vou morrer.

***

Seu Zé tá bêbado por quê?
Ainda não vi Seu Zé beber
Seu Zé tá bêbado por quê?
Ainda não vi Seu Zé beber
Bota no copo que a caneca tá furada
Seu Zé não bebeu nada
Bota no copo que a caneca tá furada
Seu Zé não bebeu nada.

***

De terno branco
Seu punhal de aço puro
Seu ponto é seguro
Quando vem pra trabalhar
Segura o "nêgo"
Que esse "nêgo" é Zé pelintra
Na descida do morro
Ele vem trabalhar.

***

Seu Zé Pelintra é um cabra bom
Seu Zé Pelintra é um cabra bom
Que não me deixa escorregar
Vence demanda, quebra feitiço
Ele é o mestre lá da Encruza.

***

Mulher, mulher
Não tenha medo do seu marido
Mulher, mulher
Não tenha medo do seu marido
Se ele é bom na faca, eu sou no facão
Ele é bom na reza, e eu na oração
Ele diz que sim, eu digo que não
Eu sou Zé Pretinho, ele é lampião.

***

Seu Zé Pretinho quando vem
Ele traz sua magia
Para saudar todos seus filhos
E retirar  feitiçaria
Pisa na Aruanda, Zé Pretinho eu quero ver...
Pisa na Aruanda, Zé Pretinho eu quero ver...
Pisa na Aruanda, Zé Pretinho eu quero ver...
Pisa na Aruanda, Zé Pretinho eu quero ver...

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