Capitulo 2 Pombagira
Pombagira é uma entidade bastante controversa, tanto quanto Exu.
Eles regem basicamente o mesmo tipo de coisa: tudo quanto é materialidade. Só que, enquanto Exu é o senhor da sexualidade, a Pombagira é a senhora das paixões; enquanto recorre-se a Exu quando a relação não está boa e o sexo não compraz, recorre-se à Pombagira por fertilidade e filhos.
Elas são mulheres que conhecem o prazer e o sofrimento de cada coisa que fizeram em vida.
As Pombagira também têm forte relação com a clarividência e as mesmas cartas de baralho usadas para o entretenimento podem ser usadas para ver o passado, o presente e o futuro.
Acredita-se que o nome seja uma corruptela de Pambu Nijla (do kikongo, língua bantu de Angola), que teria virado Mbobogiro e, por fim, Pombagira. Ela é um Inkice, nome pelo qual são conhecidos os Orixás, nas nações bantus de Candomblé e Umbanda de Nação, especialmente em Angola. Pambu Njila é o mensageiro, intermediário entre os homens e os deuses. Da mesma forma como o Deus daomeno, Pombagira é a senhora dos começos e dos caminhos, da fertilidade e de tudo quanto é humano. É uma deusa bem próxima dos homens, sedutora, feminina, mulher.
Da mesma forma como Exu, não tolera dívidas e promessas não cumpridas, embora seja paciente em esperar seu pagamento.
Um grande equívico, fomentado por preconceitos e moralismo sociais hipócritas, é vincular a imagem da Pombagira à da prostituta. Cada entidade tem sua história, algumas o foram em alguma de suas vidas, outras não. As histórias que os espíritos contam sobre suas vidas passadas são as mais diversas, Em geral, eles vêm com características mais formais a respeito de sua última vida.
É fato que os espíritos femininos que vêm hoje aos terreiros de Umbanda, como Pombagiras, foram mulheres mais livres, de vida menos regrada segundo os parâmetros sociais e que buscaram em primeiro lugar a felicidade na vida física, para aproveitar cada momento do corpo que possuíam. Isso não significa que eram a escória do mundo, pois o tom com que certos termos são atribuídos a elas denotam de maneira muito pejorativa que a vida que levaram era ruim e não devia ser considerada, pois não traria nada de bom.
A realidade é que essa vida fez dessas mulheres, desses espíritos femininos, seres de uma sabedoria que não se aprende no templo ou nos livros. Uma sabedoria que não vem do resguardo, mas de arriscar-se. Por isso, praticamente todos os assuntos podem ser levados a uma Gira de Esquerda, os conhecimentos de Exus e Pombagiras estão profundamente ligados a algo que, quanto maior o nível da entidade em direção à "Direita", menor sua compreensão: o ser humano.
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